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Dr. Gustavo Falbo Wandalsen
Professor Associado da Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP e Coordenador do Programa de Pós-graduação em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria da UNIFESPCaso Clínico
Discussão

Corticosteroide inalatório intermitente na asma intermitente
A asma intermitente é um fenótipo muito comum entre pré-escolares, caracterizado por exacerbaçõesdesencadeadas por infecções respiratórias virais e, por isso, também frequentemente denominadosibilância viral.1 Diversos ensaios clínicos já investigaram a ação do corticosteroide inalatório em dosesaltas por 7 a 10 dias, iniciados ao primeiro sinal de infecções respiratórias.4
Há alguns anos, uma metanálise avaliou diversas estratégias de prevenção de exacerbações em pré--escolares sibilantes, dividindo os ensaios clínicos com base em fenótipos de asma e sibilância.5Para asma intermitente/sibilância viral, definida pela ausência de limitação de atividades e de sintomas noturnos e baixo uso de medicação de resgate e para sintomas, 5 ensaios clínicos, que envolveram 422 participantes, foram incluídos na análise.5 O uso intermitente de corticosteroide inalatórioem altas doses foi significantemente superior ao uso de placebo, reduzindo exacerbações graves em35% (IC de 95%: 19%-49%).5 (Figura 1)

Beclometasona em suspensão para nebulização
A beclometasona em suspensão para nebulização é um corticosteroide inalatório bastante conhecido,disponível no mercado brasileiro há muitos anos e indicado para prevenção e tratamento da asma emcrianças e adultos.6 É comercializado em flaconetes de 2 mL, que contêm 400 mcg de beclometasonapor mililitro, e não deve ser administrado em nebulizadores ultrassônicos.6
Um ensaio clínico avaliou e comparou a eficácia de 2 esquemas terapêuticos com beclometasona em suspensão para nebulização em lactentes e pré-escolares de 1 a 4 anos de idade com sibilância frequente (ouseja, 3 exacerbações nos últimos 6 meses e sintomas frequentes).7 As 276 crianças incluídas no estudo foramacompanhadas por 3 meses e divididas em 3 grupos de tratamento: (1) beclometasona 400 mcg duas vezesao dia e salbutamol se necessário (s/n); (2) beclometasona 800 mcg e salbutamol s/n; e (3) salbutamol s/n.7
O uso diário de beclometasona foio esquema com maior porcentagemde dias livres de sintomas, desfechoprincipal do estudo.7 Apesar disso, ouso intermitente de beclometasonafoi semelhante ao uso diário em diversos desfechos, como a porcentagem de dias livres de sintomas no último mês de tratamento, o escore desintomas diurnos e noturnos, o uso demedicação de resgate e o tempo atéa primeira exacerbação com necessidade de corticosteroide oral.7
Além disso, o grupo tratado com beclometasona de forma intermitente foi significantemente superior aogrupo que recebeu salbutamol s/n naporcentagem de dias livres de sintomas observada no último mês de tratamento e nos escores de sintomasdiurnos e noturnos.7 Cabe destacarque o perfil de crianças incluídas nesse estudo está próximo do fenótipode asma persistente e diverge do perfil do caso clínico apresentado.7
Conduta e seguimento do caso
O pré-escolar foi orientado a utilizar beclometasona em suspensão paranebulização na dose de 400 mcg duas vezes ao dia por 7 dias, a ser iniciada aos primeiros sinais de infecções de via aérea superior e manter uso s/nde agonista beta-2.
No período de 6 meses após a introdução da terapia intermitente com corticoesteroide inalatório, o paciente não teve exacerbação grave que demandouutilização de corticoesteroide oral. Os pais contaram que a beclometasonaem nebulização fora usada em três ocasiões: uma diante da ocorrência desintomas leves de broncoespasmo e as outras duas em momentos de crise;em todas, o controle foi obtido apenas com broncodilatador
Referências
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Caso Clínico
O uso intermitente de corticosteroide inalatório
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